ANÁLISE EPISTEMOLÓGICA DAS ESTATÍSTICAS DO ENSINO DE 2º GRAU NAS MENSAGENS PRESIDENCIAIS AO CONGRESSO NACIONAL (1971-1979)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15628/rbept.2020.10801

Palavras-chave:

Estatísticas educacionais, Ensino de 2º grau, Fundamentação epistemológica, Mensagens Presidenciais ao Congresso Nacional.

Resumo

O estudo aqui apresentado guarda relação com a temática estatística e educação e está circunscrito no campo da história da educação profissional, pois se situa no contexto da Lei 5.692/1971, que transformou em profissional o ensino secundário no Brasil. Este estudo tem como objetivo fazer análise do referencial epistemológico, teórico e metodológico nas fontes nominadas Mensagens Presidenciais ao Congresso Nacional, refletindo sobre as estatísticas do ensino de 2° grau no Brasil. A intenção é demonstrar a utilização de um discurso em que os números tratados de maneira naturalizada servem como manutenção da ferramenta de manipulação social. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica e análise documental. Para compreender o objeto de estudo, questionamos: Qual a relação entre a epistemologia e as estatísticas educacionais? Como as estatísticas do ensino de 2º grau são apresentadas nas Mensagens Presidenciais ao Congresso Nacional. Na intenção de compreendermos esses aspectos, fazemos uso de conceitos como obstáculo epistemológico de Gaston Bachelard (1996), História política de René Rémond (2003), História Serial de Pierre Chaunu (1976) e José D’Assunção Barros (2004). Também refletimos acerca da construção da história da ciência numa perspectiva histórica e sobre relações de poder, baseadas em autores como Michel Foucault (2002), Thomas Kuhn (1987) e Gaston Bachelard (1996). Os resultados obtidos demonstram que o uso das estatísticas educacionais se apresenta, nas fontes estudadas, de maneira que o leitor não questione as informações, mesmo que divirjam ou demonstrem dados que fujam da realidade, pois existe um discurso que dificulta essas indagações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABRAMOV, Dimitri Marques; MOURÃO JUNIOR , Carlos Alberto. A interpretação estatística como produção de verdades: reflexões éticas. Rev. bioét. (Impr.), v. 26, n. 4, p. 537-542, 2018.

Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/bioet/v26n4/1983-8042-bioet-26-04-0537.pdf. Acesso em: 08 de Julho 2020.

BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

BACHELARD, Gaston. A epistemologia. Lisboa: Edições 70, 1981.

BACHELARD, Gaston. A Filosofia do Não. Coleção Os Pensadores. Tradução de Joaquim José Moura Ramos (et al.). São Paulo: Abril Cultural, 1978.

BARROS, José D’Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.

BESSON, Jean-Louis. A ilusão das estatísticas. São Paulo: UNESP, 1995.

BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Ed. da UNESP, 2004.

BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Tradução Miguel Serras Pereira. Lisboa: Fim de Século, 2003.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. Lisboa: Difel, 1989.

BRASIL. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília, 1972, p. 104. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/. Acesso em: 11 de Julho 2020.

BRASIL. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília, 1973, p. 100. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/. Acesso em: 11 de Julho 2020.

BRASIL. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília, 1974, p. 237. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/. Acesso em: 11 de Julho 2020.

BRASIL. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília, 1976, p. 202. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/. Acesso em: 11 de Julho 2020.

BRASIL. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília, 1977, p. 281. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/. Acesso em: 11 de Julho 2020.

BRASIL. Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília, 1979, p. 244. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/. Acesso em: 11 de Julho 2020.

CARDOSO, Ciro Flamarion. História e poder uma nova história política?. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Org.). Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 37-54.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002.

CHAUNU, Pierre. A economia: Ultrapassagem e prospectiva. In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre (Org.). História: novas abordagens. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S.A. 1976. p. 40-58.

CONCEIÇÃO, Mário José da. Leitura crítica dos dados estatísticos em trabalhos Científicos. Rev Bras Cir Cardiovasc, v. 23, n. 3, p. 396-399, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbccv/v23n3/v23n3a18.pdf. Acesso em: 09 de Julho 2020.

DELIZOICOV et al. Sociogênese do conhecimento e pesquisa em ensino: contribuições a partir do referencial Fleckiano. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 19, p. 50-66, mar. 2002. Número especial. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/10054/15384. Acesso em: 09 de Julho 2020.

DESROSIÈRES, Alain. Entre a ciência universal e as tradições nacionais. In: Besson, Jean-Louis (org.). A ilusão das estatísticas. Trad. Emir Sader. São Paulo: UNESP, 1995. p. 167-183.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. 3ª ed. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002.

FERREIRA, Juliana Mesquita Hidalgo; MARTINS, André Ferrer Pinto. Aula 13 A ciência em oposição ao senso comum. Disciplina História e Filosofia da Ciência. Natal: SEDIS/UFRN, 2010a.

FERREIRA, Juliana Mesquita Hidalgo; MARTINS, André Ferrer Pinto. Aula 11 Rupturas e Revoluções. Disciplina História e Filosofia da Ciência. Natal: SEDIS/UFRN, 2010b.

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 2ª ed. Tradução de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1987.

LOPES, A. R. C. Bachelard, o filósofo da desilusão. Cad. Cat. Ens. Fis., v. 13, n3: p. 248-273, dez. 1996.

MARTINS, André Ferrer Pinto. Knowledge about Science in Science Education Research from the Perspective of Ludwik Fleck’s Epistemology. Research in Science Education, v. 46, n. 4, p. 511–524, Agosto. 2016.

MARTINS, André Ferrer Pinto. Concepções de estudantes acerca do conceito de tempo: uma análise à luz da epistemologia de Gaston Bachelard. 2004. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

RÉMOND, René. Por uma história política. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.

RUSEN, Jorn. Teoria da História: uma teoria da história como ciência. Curitiba: Editora UFPR, 2015.

RUSEN, Jorn. Reconstrução do passado. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2010.

SAVIANI, Demerval. O legado educacional do regime militar. Cad. Cedes, Campinas, v. 28, n. 76, p. 291-312. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ccedes/v28n76/a02v2876.pdf. Acesso em: 23 abril 2020.

STENGERS, Isabelle. A invenção das ciências modernas. Tradução de Max Altman. São Paulo: Editora 34, 2002.

Downloads

Publicado

18/12/2020

Como Citar

SILVA DIAS CARLOS, Nara Lidiana; CAVALCANTE, Ilane Ferreira; MEDEIROS NETA, Olívia Morais de. ANÁLISE EPISTEMOLÓGICA DAS ESTATÍSTICAS DO ENSINO DE 2º GRAU NAS MENSAGENS PRESIDENCIAIS AO CONGRESSO NACIONAL (1971-1979). Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, [S. l.], v. 2, n. 19, p. e10801, 2020. DOI: 10.15628/rbept.2020.10801. Disponível em: https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/RBEPT/article/view/10801. Acesso em: 13 out. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ - Trabalho-Educação: possibilidades investigativas na pós-graduação stricto sensu

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

> >> 

Artigos Semelhantes

> >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.