POLÍTICA PÚBLICA EDUCATIVA PROEJA: ENTRE O PLANO DOS DISCURSOS E O PLANO DA AÇÃO NO CONTEXTO DO NEOLIBERALISMO
DOI:
https://doi.org/10.15628/holos.2020.10597Palavras-chave:
PROEJA, pós-democracia, discursos político-normativos, plano da ação, exclusão/inclusão.Resumo
O alinhamento entre o plano dos discursos e o plano da ação, especialmente no contexto do neoliberalismo e da pós-democracia, pode apresentar vários problemas, como o modelo de gestão sem a participação do povo; sem política, porém, com estratégias que acomodem os conflitos e deem ao povo a ilusão de democracia. Tal desalinhamento materializa- se, por exemplo, no modo de execução de políticas públicas sociais e educativas que, em muito, as distancia dos objetivos propostos a nível dos discursos político-normativos. O presente artigo consiste numa metanálise da política pública brasileira ‘Programa de Integração da Educação Básica à Educação Profissional na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA” - destinada aos jovens e adultos que foram excluídos do direito à educação formal em idade apropriada, cujo objetivo central é, segundo o discurso político, elevar a escolaridade dessa parcela da população e, sobretudo, possibilitar-lhe qualificação profissional para incluí-la, também, no mundo do trabalho e no efetivo exercício consciente da cidadania. Assim, para composição do corpus empírico, selecionaram-se, no banco de teses da CAPES, dez investigações realizadas por investigadores brasileiros sobre a execução da política, todas no contexto do Estado da Bahia, no período de 2010 a 2017. Para o presente artigo, elegeu-se, a categoria de análise ‘acesso”, primeiro passo para a inclusão proposta pela política, o que possibilitou perceber o desalinhamento entre aquilo que é propagado e aquilo que efetivamente ocorre. Assegurar o acesso do público-alvo é um importante passo na operacionalização do plano de ação da política. Todavia, o corpus empírico analisado deixou evidente que, majoritariamente, os estudantes que ingressaram no PROEJA não são do público especificado pela política, o que caracteriza grande abismo entre os discursos e a ação.
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Referências
Ranciére (2004) conceitua como pós-democrático o regime que, em seu modus operandi, demonstra querer “governar sem o povo, isto é, sem participação e sem divisão do povo; governar sem política” (Ranciére, 2004, p.102)
“ reunir todo o relevante conteúdo disponível sobre determinada temática a fim de ajudar a compreender os fenômenos e ampliar o conhecimento” (LOPES, FRACOLLI, 2008, p. 775)
“é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza, e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza” (SANTOS, 1995).
Nesse sentido, Carrano (2013), questiona se
o que somos seria apenas uma questão de força de vontade? Esta é uma verdade relativa. As oportunidades objetivas de inserção e integração social são tão escassas em determinadas circunstâncias, que anulam, em última instância, o campo simbólico de autonomia de determinados sujeitos desigual e inferiormente posicionados na sociedade.” (CARRANO, 2013, p.200)