PROPI - Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação, IX Congresso de Iniciação Científica do IFRN

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Utilização de extrato da planta salsa de praia (Ipomoea pes-caprae subsp. brasiliensis) como indicador natural de pH.
CELIA PEIXOTO COSTA

Última alteração: 2013-06-24

Resumo


Este trabalho tem como propósito fazer a caracterização e análise de indicadores de pH naturais, a partir do estudo da planta conhecida popularmente como salsa de praia (Ipomoea pes-caprae subsp. brasiliensis) obtida em abundância na região salineira de Macau no Rio Grande do Norte para que pudesse ser utilizada em salas de aula do ensino médio, como uma alternativa didática para os professores da rede pública.

Segundo Silva et al. (2009) os indicadores ácido-base são substâncias orgânicas fracamente ácidas ou alcalinas, que apresentam diferença na coloração em função do pH do meio. Na natureza, as cores de muitas flores resultam da variação da acidez ou alcalinidade da seiva (WOEHL JUNIOR, BISPO; 2010). Ainda segundo Melo et al (2011) as antocianinas são os pigmentos responsáveis pela coloração de diversas flores e frutos, variando a coloração em função da acidez ou alcalinidade do meio.

Devido essa variação de coloração, a utilização de extratos naturais indicadores de pH pode ser explorada didaticamente pelos professores durante suas aulas, apropriando os conhecimentos de todas as etapas para os discentes, desde a etapa de obtenção até a caracterização visual e/ou espectrofotométrica das diferentes formas coloridas (TERCI, ROSSI. 2001).

O uso de substâncias presentes em extratos de vegetais como repolho roxo e flores como quaresmeira, unha-de-vaca, azaleia e beijinho, vem sendo um recurso didático amplamente utilizado como estratégia de ensino (COSTA et al.; 2007). Por se tratar de um recurso didático-pedagógico de fácil acesso e baixo custo para as escolas esse projeto visa alternativas no ensino do equilíbrio ácido-base e identificação de acidez ou basicidade de diversos materiais encontrados em nosso dia-a-dia, podendo assim os alunos aprender de forma lúdica, entendendo como a química está presente no seu cotidiano.

Além disso, pelo fato da mudança de cor apresentar um efeito visual muito chamativo, desperta grande interesse dos alunos, tornando-se assim uma excelente ferramenta para o aprendizado e uma maneira de atrair a atenção e curiosidade do aluno para a disciplina de química, que muitas vezes é rejeitada pelos discentes (WOEHL JUNIOR, BISPO; 2010).

O projeto se dividiu em duas etapas distintas. A primeira consiste na preparação dos extratos das pétalas das flores de salsa de praia e na segunda etapa ocorreram os testes para a averiguação dos índices de pH. Em busca de um melhor resultado foram realizados os mesmos experimentos com extrato em água de salsa de praia e com hidroalcóolico (água e álcool etílico).

1º Etapa- preparação dos extratos de salsa de praia (Ipomoea pes-caprae subsp. brasiliensis).

Nesta etapa realizamos a coleta das flores e a preparação dos extratos. As flores foram coletadas nas áreas próximas as marés da cidade, onde apenas as flores em bom estado de conservação, sem partes estragadas foram coletadas. Após a coleta ocorreu à lavagem em seguida separada apenas as pétalas e divididas em dois grupos, uma parte serviu para a preparação do extrato aquoso e a outra parte para a preparação do extrato hidroalcóolico.

Material necessário para a obtenção do extrato hidroalcóolico:

  • Pétalas de flores de salsa de praia,
  • Álcool 96°GL 400mL,
  • Garrafa pet de 500ml,
  • Filtro de papel n°102,
  • Funil.

As pétalas, previamente lavadas, foram colocadas em uma garrafa pet de 500mL e em seguida acrescentado álcool a 96°GL até a submersão total das pétalas. Esse concentrado ficou em descanso na geladeira por sete dias. Após o prazo de apuração filtramos o extrato com auxílio do funil e a utilização do papel de filtro n°102.

Material necessário para a obtenção do extrato aquoso:

  • Pétalas de flores de salsa de praia,
  • Água 400mL,
  • Garrafa pet de 500ml,
  • Papel de filtro n°102,
  • Funil simples.

Para os procedimentos de obtenção do extrato aquoso foram utilizados a mesma sequência anterior. As pétalas foram colocadas em uma garrafa pet de 500mL e em seguida acrescentado água até a submersão total das pétalas, esse concentrado ficou em descanso na geladeira por sete dias. Repetiram-se os demais procedimentos, como a filtração do extrato após o período de apuração, em seguida a filtração do extrato com auxílio do funil e a utilização do papel de filtro n°102.

2º Etapa- testes para a averiguação dos índices de pH com os extratos aquoso e hidroalcóolico.

Após a obtenção dos extratos aquosos e hidroalcóolicos da planta salsa de praia (Ipomoea pes-caprae subsp. brasiliensis) foram realizados três testes para a averiguação do pH: teste ácido, teste neutro, teste alcalino. Com esses testes pode-se confirmar a utilização dos extratos como indicadores de pH.

Material necessário os testes de pH com o extrato hidroalcóolico: Para o teste no meio ácido foram utilizados 5ml do extrato, 3mL HCl (ácido clorídrico) e 1 tubo de ensaio. A cor resultante do extrato em contato com o meio ácido ficou vermelha. No teste no meio neutro utilizamos 5ml do extrato, 3mL água destilada e 1 tubo de ensaio; obtendo a cor resultante roxa e para o teste em meio alcalino utilizamos 5ml do extrato, 3mL NaOH (hidróxido de sódio) e 1 tubo de ensaio, obtendo a cor resultante verde.

Os mesmos procedimentos foram realizados para testar o extrato aquoso, onde utilizamos os seguintes materiais: para o teste em meio ácido utilizamos 5ml do extrato, 3mL HCl (ácido clorídrico) e 1 tubo de ensaio, obtendo a cor resultante rosa. Para o teste em meio neutro utilizamos 5ml do extrato, 3mL água destilada e 1 tubo de ensaio, onde obtivemos a cor resultante rosa claro e por fim, para o teste em meio alcalino utilizamos 5ml do extrato, 3mL de NaOH (hidróxido de sódio) e 1 tubo de ensaio onde o resultado da cor foi marrom.

Depois de realizados todos os testes com os extratos aquoso e hidroalcóolico das pétalas das flores da planta salsa de praia (Ipomoea pes-caprae subsp. brasiliensis), percebeu-se que os extratos podem ser utilizados como indicadores de ácido-base em atividades escolares. Sugerimos que os professores sigam este exemplo para estimular o aprendizado de química bem como desenvolver atividades dinâmicas em sala de aula ou em ar livre.

A planta salsa de praia (Ipomoea pes-caprae subsp. brasiliensis) é muito comum em nossa região, sendo de fácil acesso a qualquer escola, além disso, o processo de preparo do extrato utiliza materiais simples, que pode ser feito em sala de aula em conjunto com os alunos, para que assim eles possam acompanhar todo passo-a-passo do trabalho.

Durante o experimento observou-se que as pétalas das flores da planta liberam a coloração para o extrato muito facilmente, apresentando um tempo de oxidação é de 20 dias, podendo assim ser preservada até seu prazo limite em geladeira.

A partir dos resultados pudemos concluir que, os extratos obtidos das pétalas da planta salsa de praia (Ipomoea pes-caprae subsp. brasiliensis) apresentam potencialidade para a demonstração do comportamento de indicadores de pH com eficácia.

Esse experimento pode ser utilizado para facilitar a abordagem didática de outros conceitos relacionados à Química, estimulando o aluno na busca pelo com conhecimento. Além disso, por se tratar de experimento que não demanda a utilização de laboratórios torna-se ainda mais viável sua execução em escolas sem infraestrutura laboratorial ou com pouca renda para investimentos nessa área.

Ainda podemos citar que a escolha da planta salsa de praia (Ipomoea pes-caprae subsp. brasiliensis) é a mais indicada para a nossa região, por se tratar de uma planta invasora, sem potencial econômico ou alimentar, sua coleta não traz prejuízos a natureza.

Por fim, podemos afirmar que experimentos como esse devem ser mais utilizados em sala de aula, para ampliar as fontes de conhecimento dos estudantes e facilitar a aprendizagem e interesse pela Química.


Palavras-chave


Indicador de pH, Salsa de praia, Experimento, ensino de Química

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