COLONIZAÇÃO, DESCOLONIZAÇÃO E PÓS-COLONIALISMO:

A GÊNESE DA GUINÉ-BISSAU NA GEOPOLÍTICA DA GUERRA FRIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15628/geoconexes.2022.15043

Palavras-chave:

Descolonização; Guerra fria; Estado-nação Guineense.

Resumo

Este artigo trata do processo de descolonização e da formação do Estado nacional da Guiné-Bissau e sua interrelação com a bipolaridade do poder global da guerra fria entre o Ocidente e o Leste Europeu. Apesar de “boa fama e a glória” com que foi conduzida a revolta anti-colonialista na Guiné-Bissau, mostraremos que os desafios da “transição histórico-geográfica” pós-colonial não estão sendo traduzidas nas estratégias de soberania e libertação nacional que orientavam a resistência popular descolonizadora e, consequentemente, o “banimento” de (neo)colonialismos. Dessa preocupação, busca-se pela pesquisa bibliográfica exploratória e pela leitura de textos-documentos de intelectuais descolonizadores não homogeneizar as experiências de descolonização africana, mas traçar um diálogo que permite a compreensão da situação pós-colonial da Guiné-Bissau como motivadas pelas dinâmicas da geopolítica internacional, levando em consideração sua particularidade regional, local e situacional.

Biografia do Autor

Moisés Domingos Correia, Universidade Federal do Piauí - UFPI

Moisés Domingos Correia, de nacionalidade guineense. Mestrando em Ciência Política pela Universidade Federal de Piauí-UFPI/Teresina e Bolsista Capes; Licenciatura em Sociologia e Graduação plena em Ciências Humanas pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira/UNILAB-CE. Membro de Grupo de Pesquisa África Contemporânea/UNILAB. Participa de Grupo de Pesquisa a Guiné-Bissau Contemporânea (em andamento). Áreas de Interesse: Ciências Humanas; Sociologia, Ciências Políticas, Administração Pública e Estudos Africanos. Linha de Pesquisa: Desenvolvimento Político e Institucional dos Estados Africanos da Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Bolsista de PIBIC-UNILAB/CNPq sob Projeto de Pesquisa: Encruzilhadas: a intersecção entre os princípios filosóficos dinamizadores das religiões de matrizes africanas e afro-brasileiras presentes nas manifestações culturais afrocearenses. Membro Coordenador para Assuntos Externos de Centro acadêmico de Bacharelado em Humanidades/UNILAB-CE (2018-2019). Membro Coordenador para Assuntos Ensino, Extensão e Pesquisa de Centro Acadêmico do Curso de Sociologia/UNILAB-CE. Bolsista de Programa Institucional de Acompanhamento Tutorial e Acadêmico Pulsar/PROGRAD de Curso de Humanidades (2018-2019). Membro de Grupo Cultural e Literatura: FIRKIDJA DI NO KAMPADA/UNILAB. Cursou Aperfeiçoamento em Língua Portuguesa (AJALV/Embaixada de Portugal) 2016-2017; Literatura e Cultura Brasileira pela Embaixada de Brasil em Guiné-Bissau 2017.

Raimundo Jucier Sousa de Assis, Universidade Federal do Piauí - UFPI

Raimundo Jucier Sousa de Assis é Professor do Curso de Graduação em Geografia e dos Programas de Pós-Graduação em Ciência Política e Geografia da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutor em Geografia Humana pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo (USP 2012/2017), tem atuado como professor na área de geografia humana, pesquisando e orientando sobre a geopolítica do capitalismo articulada à história da geografia, à história territorial, à modernização do território e aos ordenamentos territoriais nas periferias do mercado mundial. Esses estudos tem sido desenvolvidos e coordenados a partir da liderança do Diretório de Pesquisa Geopolítica, Capitalismo e Natureza, vinculado ao CNPq, e da Coordenação do Laboratório de Geopolítica e Estudos Territoriais no Centro de Ciências Humanas e Letras, da UFPI, em Teresina.

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Publicado

03-03-2023

Como Citar

CORREIA, Moisés Domingos; ASSIS, Raimundo Jucier Sousa de. COLONIZAÇÃO, DESCOLONIZAÇÃO E PÓS-COLONIALISMO:: A GÊNESE DA GUINÉ-BISSAU NA GEOPOLÍTICA DA GUERRA FRIA. Geoconexões, [S. l.], v. 2, n. 14, p. 4–23, 2023. DOI: 10.15628/geoconexes.2022.15043. Disponível em: https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/geoconexoes/article/view/15043. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS