POR QUE A CIÊNCIA NÃO RESOLVE NOSSOS PROBLEMAS?

Autores

  • Daniel Durante UFRN

DOI:

https://doi.org/10.15628/dialektike.2015.3049

Palavras-chave:

Método Científico, Complexidade, Transdisciplinaridade, Atomismo, Método Axiomático, Construtivismo

Resumo

Além de responder à pergunta título, pretende-se também apresentar as linhas gerais de um caminho que vem sendo proposto por alguns pensadores sobre de que modo a ciência poderia se modificar de modo a que pudéssemos utilizá-la para resolver nossos principais problemas. Para tanto iniciaremos explicitando o que consideramos as características mais fundamentais da racionalidade científica hegemônica, a saber: o atomismo e o método axiomático. Em seguida, apresentamos alguns conhecidos problemas das ciências, evidenciando suas relações com estas características fundamentais. Tais problemas são tanto epistemológicos e metodológicos, internos ao próprio conhecimento, quanto éticos, relacionados às suas consequências. Em seguida, indicamos como a forte interconexão destes dois tipos de problemas pode ser compreendida quando entendemos a ciência de modo instrumental como uma resposta ao interesse de previsão para manipulação e controle. Por fim, partindo do reconhecimento do caráter contingente e socialmente construído do conhecimento científico, inclusive de suas características fundamentais, respondemos à questão título e apontamos, ainda de modo incipiente, algumas  possibilidades de modificações metodológicas que têm sido propostas nos últimos anos. Em especial, apresentamos as que foram rotuladas de complexidade e a transdisciplinaridade, indicando algumas questões e possíveis linhas de pesquisa que estas abordagens suscitam.

Biografia do Autor

Daniel Durante, UFRN

Doutor em Lógica e Filosofia da Ciência e Engenheiro de Computação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Sou professor associado do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, com experiência nas áreas de Lógica, Metafísica e Filosofia da Ciência e da Tecnologia. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0105245515649663

Referências

ASHBY, W. R. Uma introdução à cibernética. São Paulo: Perspectiva, 1970.

ATLAN, H. L’Organization biologique et la théorie de l’information. Paris: Hermann, 1972.

BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

BEN-DAVID, J. & SULLIVAN, T. A. "Sociology of science." Annual Review of Sociology, PP. 203-222, 1975.

BERTALANFFY, L. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 1977.

COSTA, N. C. A. Sistemas Formais Inconsistentes. Curitiba: Ed. UFPR, 1993.

CRANE, D & SMALL, H. "American Sociology since the Seventies: The Emerging Crisis in the Discipline". In: Sociology and its Publics: The Forms and Fates of Disciplinary Organization, ed. Terence Halliday & Morris Janowitz. Chicago: University of Chicago Press, 1992.

DESCARTES, R. “Discurso do Método”. In: Descartes. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Os Pensadores)

FEENBERG, A. Transforming Technology: a critical theory revisited. New York: Oxford University Press, 2002.

FRITZSCH, H. Quarks; a matéria-prima deste mundo. Lisboa: Editorial Presença, 1990.

GALISON, P. Image and logic: a material culture of microphysics. The University of Chicago Press, 1997.

GILMORE, R. Alice no País do Quantum. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

HABERMAS, J. “Conhecimento e Interesse”. In: BENJAMIN, W. et al. Textos Escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1975a. (Os Pensadores, 48) pp. 291 – 302.

______. “Técnica e Ciência enquanto Ideologia ”. In: BENJAMIN, W. et al. Textos Escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1975b. (Os Pensadores, 48) pp. 303 – 333.

HACKING, I. ¿La construcción social de qué? Barcelona, Espanha: Paidós, 2001.

HEIJENOORT, J. Van (org) From Frege to Gödel: a source book in mathematical logic. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1977.

HEISEMBERG, W. Física & filosofia. Brásilia: Ed. Unb, 1995.

HEMPEL, C. G. Filosofia da Ciência Natural. 3ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

HESS, D. J. Science Studies: an advanced introduction. New York: New York Univ. Press, 1997.

HOFSTADTER, D. R. Gödel, Escher, Bach: an eternal golden braid. New York: Vintage Books, 1979.

HORKHEIMER, M. “Teoria Tradicional e Teoria Crítica”. In: BENJAMIN, W. et al. Textos Escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1975. (Os Pensadores, 48) pp. 125 – 162.

KIRG, G. S. & RAVEN, J. E. The presocratic philosophers. London: Cambridge Univ. Press, 1957.

KLINE, M. Mathematical Thought from Ancient to Modern Times. v III, Oxford Univ. Press, 1972.

KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. 5.ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.

LACEY, H. Valores e Atividade Científica. São Paulo: Discurso Editorial, 1998.

______. Is science value free?: values and scientific understanding. Psychology Press, 2004.

______. Valores e Atividade Científica 2. Editora 34, 2010.

LATOUR, B. Ciência em ação. Unesp, 2000.

______. A esperança de Pandora. Bauru: Edusc, 2001.

MERTON, R. K. "Os imperativos institucionais da ciência." A crítica da ciência: sociologia e ideologia da ciência 2, pp. 37-52, 1979.

MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.

______. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.

______. O Método 3: o conhecimento do conhecimento. Sulina, 1999b.

______. O Método 2: a vida da vida. Porto Alegre: Sulina, 2001.

______. O Método I: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2005

NICOLESCU, B. O manifesto da transdisciplinaridade. São Paulo: Triom, 1999.

PAIS, A. Sutil é o Senhor: a ciência e a vida de Albert Einstein. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.

PRIGOGINE, I. & STENGERS, I. La Nouvelle Alliance. Métamorphose de la Science. Paris: Gallimard, 1979.

QUINE, W. V. O. “Two dogmas of empiricism”, Philosofical Review, v. 60, pp. 20–43, 1951.

RESNICK, R. & EISBERG, R. M. Física Quântica. São Paulo: Campus, 1980.

RUSSELL, B. "The philosophy of logical atomism.", pp. 345-380, The Monist, 1919.

______. Introduction to mathematical philosophy. London: George Allen & Unwin, 1960.

SHIVA, V. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. Gaia, 2003.

______. Biopirataria: a pilhagem da natureza e do conhecimento. Vozes, 2001.

SOUZA, J. C. (org) Os pré-socráticos: fragmentos, doxografia e comentários. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Os Pensadores, 1)

STAR, S. L. & GRIESEMER, J. R. “Institutional ecology, ‘translations’ and boundary objects: amateurs and the professionals in Berkeley’s museum of vertebrate zoology, 1907 – 39”. Social studies of science, v. 19, pp. 387–420, 1989.

SUPPES, P. Studies in the Methodology and Foundations of Science. Reidel, 1969.

THOMPSON KLEIN, J. Crossing boundaries knoweledge, Disciplinarities and interdisciplinarities. The University Press of Virginia, 1996.

WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus. Edusp, 1994.

Downloads

Publicado

11/10/2015

Edição

Seção

Artigos